sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Bom senso pra quê, né, gente?

Ônibus lotado, 8h da manhã.
Uma mochila enorme nas costas, cheia de coisas do trabalho, sem nem uma brechinha para enfiar meu corpinho magro num lugar seguro. Tirei a mochila das costas, com todo o cuidado do mundo para não bater em ninguém e consegui colocar no chão, entre as pernas.
O equilíbrio fica bem complicado nessa posição. Você não consegue abrir nem um pouco as pernas para distribuir o peso do corpo e se adequar aos balanços do coletivo, para não cair. A mochila entre as pernas, só piora a coisa toda. Porque também não dá pra fechar as pernas, ou movimentar o pezinho pra frente, quando alguém pisa bem em cima do ossinho mais dolorido do calcanhar.
Mas já estou tão acostumada que a única coisa que eu espero de verdade quando entro no ônibus, é que as pessoas tenham tomado banho e não sejam surdas ao ponto de usar o fone de ouvido para animar plateia de Baile Funk. Mas depois que vi que isso também é impossível, não me espanto com mais nada.
No meio do caminho, entra uma senhora. Bonita, arrumada, maquiada, aparentando ter meia idade, com uma jovialidade invejável. Nem eu, no auge dos meus trintinha, estava com aquele pique todo. Não tinha nem um blush na minha cara de ressaca de sexta.
A senhora passa a catraca e para em frente ao primeiro banco que vê, onde estão sentadas uma mulher e uma criança, lado a lado. A criança ocupando um assento no ônibus. Eu já tinha visto, mas era tão normal...

Senhora: _ Moça, quantos anos tem a criança?
Mulher: _ Oito.
Senhora: _ Você pode colocar no seu colo, por favor, que eu sou maior de 60! – assim mesmo, ordenando.
Mulher: _ Se a senhora pagasse passagem eu até colocava. Mas tem carteirinha de idoso. Meu filho pagou.
E o que se seguiu daí pra frente, foi uma baixaria só.
A senhora, indignada, acusando a mãe da mulher de não ter lhe dado educação. A mulher dizendo que não dá espaço pra velho que sai de casa pra bater perna no horário de trabalho das “pessoas de bem”. Alguns passageiros indignados, insultando a mulher por não respeitar uma senhora idosa. A criança, assustada, chorando descontroladamente e aumentando ainda mais o caos.

Eu tenho que admitir que “felizmente” estava num péssimo dia. Eu havia acordado sem a mínima vontade de sair de casa, sem o mínimo sinal de força para fazer qualquer coisa – começando por carregar aquela mochila pesada dos infernos – muito menos para intervir numa briga e tomar partido sei lá de quem.
Presumo que a briga tenha continuado até que uma delas tivesse desistido ou chegado ao seu destino. Eu não sei, desci no próximo ponto, e não tenho a mínima vontade de tentar fazer essa avaliação. 

Mas quanto disso a gente não vê por ai, todos os dias, em tantos outros ambientes e ocasiões?

Só nessa situação, vi três tipos intolerância: a da mulher, a da senhora, e a minha.


Quantas mais devem existir?

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