quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

PESSOAS TÓXICAS

Tóxico, de acordo com o dicionário, é tudo aquilo que tem a capacidade de envenenar. E veneno é tudo aquilo que mata os seres vivos ou os torna doentes.

Quando falamos em doença, logo pensamos em nossas dores físicas. Imaginamos que ficar doente vai nos impedir de fazer tudo o que gostamos ou precisamos fazer e, por consequência, ficaremos inválidos, dependentes dos outros para viver.

Porém, há um tipo muito grave e silencioso de doença que nos domina e nos torna altamente vulneráveis: as doenças da alma. Elas são silenciosas porque são resultados das coisas que absorvemos sem perceber. Aguentamos em silêncio uma crítica injusta, um tratamento incorreto, uma grosseria gratuita e, sem perceber, vamos acumulando energias negativas que destroem nosso corpo.

Você só começa a perceber os efeitos dessas doenças quando a sua paz interior se esvai. Se antes você era uma pessoa positiva, que vivia tentando convencer as pessoas de que tudo sempre dá certo no final, você vai começar a reclamar de tudo, a achar que tudo está errado no mundo e que o sofrimento não vale a pena, não importa o que aconteça no final. Você vai se pegar achando que tinha que ser diferente, que poderia ser menos doloroso.

Junto com a sua paz, vai embora a sua paciência. Você vivia tentando colocar panos quentes em tudo, acabar com as discussões, resolver tudo em paz, mas agora se cansou disso tudo e acha que não adianta mais resolver as coisas com calma. Suas conversas racionais começam a se tornar discussões cada vez mais exacerbadas. Você não escolhe mais hora, nem lugar para resolver as coisas. Quer falar na hora, do seu jeito, e tudo o que passa pelo seu coração acaba saindo pela boca.

Mas tudo isso você só vai perceber quando seu corpo avisar. Quando suas noites de sono tornarem-se mais curtas. Quando sua cabeça começar a doer com frequência, as dores musculares não te deixarem respirar e seu estômago queimar ao ponto de parecer que tudo o que você engolir vai pegar fogo.

Você pode agir para combater esses sintomas. E a coisa mais importante é perceber onde eles surgiram. Existem pessoas altamente tóxicas, que já estão contaminadas com essa doença, com as quais você convive, e que colaboram muito para esse seu estado de espírito.

É um ciclo vicioso: pessoas tóxicas te contaminaram e te transformaram em alguém que você não era e, se você não se cuidar, você também se tornará uma pessoa tóxica e sairá contaminando outras por aí. Pessoas tóxicas não sabem que o são, não tem consciência de que estão doentes e estão adoecendo os outros. Identificar em que parte do ciclo você se encontra é extremamente importante para saber se você se precisa se cuidar para não ser atingido ou para não machucar ninguém.

Observe e identifique as pessoas tóxicas, procure se fortalecer para conviver com elas. Procure ajuda espiritual e médica, mas não deixe que essas pessoas negativas e de mal com a vida continuem te machucando. E se possível, afaste-se delas.


Ninguém merece viver com medo e sofrendo o tempo todo. 


sábado, 14 de dezembro de 2013

Teoria da Pegação

Hoje em dia existe tanta informação sobre tudo, que a gente fica até chateado por não ter tido a chance de ter isso na época em que mais precisávamos ter uma ideia - mesmo que muito vaga - de como seria o futuro.
Recentemente, uma amiga grávida acompanhou cada dia da gestação sabendo exatamente como seria o próximo. Virava e mexia ela aparecia com uma: "amanhã completo 20 semanas e o bebê já vai ouvir", "tal dia faremos X semanas e o bebê já fará tal coisa".

Durante a minha adolescência fui muito inocente. Muito mesmo. Me apaixonava perdidamente por garotos da minha idade e saia abrindo a boca pra todo mundo, achando que alguém ia convencer o garoto a gostar de mim também. E o máximo que eu tinha para consulta eram as revistas "teen" que custavam baratinho até, mas mesmo assim eu não podia comprar. Ia pagar com o que? Eram os anos 90, tudo era difícil, a gente "apanhava" pra caramba da vida, da professora, do mundo, do dono da banca de jornais.

Levei anos até me recuperar do trauma. Eu era uma virgem de 18 anos cercada de meninas grávidas de 13. Cheguei aos 20 anos com vergonha de falar com as pessoas, sair alguma merda, e ser censurada. E continuava acreditando nas falas mansas dos caras que só queriam - e quase nunca conseguiam - dar umazinha e sumir. Eu acreditava que eles ficavam apaixonadinhos pelo meu jeitinho tímido, ou tarados pelo meu jeito "livre" de ser, mas sempre achava que tudo teria futuro, que em breve estaríamos ele, papai e eu, conversando e rindo na sala de casa.
Levei anos para me convencer de que isso não existia. E a melhor parte foi ter aprendido que eu também posso.
Prestem atenção agora, novinhos, e não façam como eu.
Identifiquem-se "trintinhas". É, no mínimo, engraçado.

Se você é mulher, saiba que você pode perfeitamente ter uma simples vontade de "pegar" alguém. PODE SIM! Você pode fazer o cara achar que você está totalmente interessada - e se divertindo - com todas aquelas piadas de humor negro e péssimo gosto. Você pode "pegar" o bonitão e, melhor ainda, você tem todo o direito de achar que foi uma merda e não querer mais. E também pode achar que foi bom, e mesmo assim não querer mais.
Se você for homem, saiba que você continua com esse direito. Mas como as mulheres estão mais soltinhas, caso queiram dar continuidade ao assunto, mantenham contato. Nada é mais fácil de tirar da cabeça do que um cara que não demonstre o mínima interesse, não marque presença, não faça nada para dizer que pensou em você durante o dia. Mulheres aprenderam a usar a eliminação a seu favor, elas vão descontando pontos para cada sinal que recebem, e você vai ser ultrapassado por qualquer um que tenha mais pontos que você.

Mulheres estão sempre preparadas. Quando não estão, elas nem saem de casa. Mas isso não quer dizer que elas "queiram" o tempo todo, só depende do quanto você está disposto a tentar. Elas se arrumam, tomam um longo banho, se preocupam com o que vestir, se depilam, se cuidam. A única coisa que você precisa fazer, criatura, é ter o mesmo cuidado e não desmarcar depois de ela ter feito tudo isso. Ah, não se preocupem em deixá-la triste se você, por acaso, desmarcar. Ela vai ficar emputecida, na verdade. Quanto mais pronta ela estiver, maior a raiva. Mas ela já aprendeu a cuidar disso também: já que está pronta, é mais rápido ir para qualquer canto - e com qualquer pessoa - se você não aparecer.
Homens estão preparados o tempo todo. Mas estão cada vez mais sem graça também. Aqui entra muito o gosto pessoal: existem meninas que amam caras que se cuidam, malham, vivem cheirosos, "aparadinhos", assim como também existem meninas que preferem os ogrinhos, para que elas cuidem. Não é disso que estou falando. O que quero dizer é que os homens estão cada vez mais 8 ou 80. Ou saem atirando pra tudo que é lado e se jogando com a maior sede do mundo sobre a gente, ou ficam ali, apáticos, esperando uma atitude da mulher, ou até mesmo com medinho de não agradar se fizer determinada coisa. Não seja burro, cara: se ela não curtir, você vai saber. E uma coisa que você deve saber que mulher não curte é homem que não tenta.

Quando eu era mais nova, as meninas mais "certinhas" que queriam casar e ter familia, tinham muito medo de se entregar para o cara logo nos primeiros encontros e ficar com má fama. Até acho fofo, viu? Mas já vi muitas desse tipo ficarem frustrada com o carinha, reprimirem seus desejos, e saírem chifrando o cidadão com o primeiro "pegador" que encontrassem. Fofas, parem com essa mania de ficar imaginando o que o cara vai pensar. É sério! Dentro de você tem a mesma coisa que tem dentro dele - um tesão enorme - e você não tem a mínima obrigação de abafar isso. E se o cara for embora? Não servia pra você, ué! Tem coisa pior do que ficar pensando num mané que tirou conclusões de toda a sua vida em uma simples noite?
Meninos, tirem da cabeça essa coisa brega de ficar rotulando a menina como "mulher rodada", "mulher fácil". Isso quem inventou foi a sua mãe, porque queria que você passasse o resto da sua vida agarrado na saia dela. E você está caindo direitinho. Sua mãe pode ser fofa, mas tem coisas que elas não pode fazer por você. Além disso, a grande responsável por você ficar avaliando as mulheres é a sua mania inconsciente de ficar procurando nelas a figura de mamãe. Não vou nem comentar o quão broxante é isso. Sim, meninas também "broxam".

Por fim, posso dizer com profundo conhecimento de causa que a coisa toda é muito simples. Para que tudo caminhe como você quer, basta simplesmente dizer o que você quer.
Não que você tenha que dizer pra menina: "gata, hoje só quer dar umazinha e você tirou a sorte grande". Mas entenda que você não precisa mais fazer aquele circo todo, criar clima, levar flores. Isso tudo só alimenta a sensação de que algo mais vai acontecer depois.
E você, mocinha, seja sincera também. Se ele aparecer na sua casa abrindo a porta do carro pra você e perguntando se pode pegar sua mão naquela noite em que tudo o que você quer é outra coisa, totalmente diferente, caia fora. Da mesma forma, se depois que rolar alguma coisa, ele se limitar a apenas responder as mensagens que você manda, desencane também. Volte ao começo, e leia tudo outra vez.

Comunicação é tudo, minha gente!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Bom senso pra quê, né, gente?

Ônibus lotado, 8h da manhã.
Uma mochila enorme nas costas, cheia de coisas do trabalho, sem nem uma brechinha para enfiar meu corpinho magro num lugar seguro. Tirei a mochila das costas, com todo o cuidado do mundo para não bater em ninguém e consegui colocar no chão, entre as pernas.
O equilíbrio fica bem complicado nessa posição. Você não consegue abrir nem um pouco as pernas para distribuir o peso do corpo e se adequar aos balanços do coletivo, para não cair. A mochila entre as pernas, só piora a coisa toda. Porque também não dá pra fechar as pernas, ou movimentar o pezinho pra frente, quando alguém pisa bem em cima do ossinho mais dolorido do calcanhar.
Mas já estou tão acostumada que a única coisa que eu espero de verdade quando entro no ônibus, é que as pessoas tenham tomado banho e não sejam surdas ao ponto de usar o fone de ouvido para animar plateia de Baile Funk. Mas depois que vi que isso também é impossível, não me espanto com mais nada.
No meio do caminho, entra uma senhora. Bonita, arrumada, maquiada, aparentando ter meia idade, com uma jovialidade invejável. Nem eu, no auge dos meus trintinha, estava com aquele pique todo. Não tinha nem um blush na minha cara de ressaca de sexta.
A senhora passa a catraca e para em frente ao primeiro banco que vê, onde estão sentadas uma mulher e uma criança, lado a lado. A criança ocupando um assento no ônibus. Eu já tinha visto, mas era tão normal...

Senhora: _ Moça, quantos anos tem a criança?
Mulher: _ Oito.
Senhora: _ Você pode colocar no seu colo, por favor, que eu sou maior de 60! – assim mesmo, ordenando.
Mulher: _ Se a senhora pagasse passagem eu até colocava. Mas tem carteirinha de idoso. Meu filho pagou.
E o que se seguiu daí pra frente, foi uma baixaria só.
A senhora, indignada, acusando a mãe da mulher de não ter lhe dado educação. A mulher dizendo que não dá espaço pra velho que sai de casa pra bater perna no horário de trabalho das “pessoas de bem”. Alguns passageiros indignados, insultando a mulher por não respeitar uma senhora idosa. A criança, assustada, chorando descontroladamente e aumentando ainda mais o caos.

Eu tenho que admitir que “felizmente” estava num péssimo dia. Eu havia acordado sem a mínima vontade de sair de casa, sem o mínimo sinal de força para fazer qualquer coisa – começando por carregar aquela mochila pesada dos infernos – muito menos para intervir numa briga e tomar partido sei lá de quem.
Presumo que a briga tenha continuado até que uma delas tivesse desistido ou chegado ao seu destino. Eu não sei, desci no próximo ponto, e não tenho a mínima vontade de tentar fazer essa avaliação. 

Mas quanto disso a gente não vê por ai, todos os dias, em tantos outros ambientes e ocasiões?

Só nessa situação, vi três tipos intolerância: a da mulher, a da senhora, e a minha.


Quantas mais devem existir?

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ansiosos – Manual Prático

Posso dizer, por experiência própria, que a pior pessoa com quem você pode querer qualquer coisa na vida é o ansioso.
E vou além. Se existissem no zodíaco os signos “ansioso” e “lerdo”, eles jamais combinariam. Se você é lerdo, desista do ansioso.
Mas se não quer desistir, aproveite as dicas:


1.     PRATICIDADE

Ele se define como prático, porque ele é. Pode até ser ansioso e esperançoso ao mesmo tempo, mas ao mínimo sinal de que algo não vai dar em nada, ele desiste e parte pra outra. Não tem paciência para desculpinhas ridículas, do tipo “acabei pegando no sono e não vi seu recado”. Pra ele, interesse de verdade dá insônia.


2.      SINCERIDADE

Chega a ser desnecessário dizer que sinceridade é tudo, mas para o ansioso sinceridade é mais que tudo. É essencial. Isso porque ele entende muito melhor um “não” que um “hoje não dá”.
Um “não” vai chateá-lo, lógico. Mas lembre-se da primeira dica ai em cima e vá fundo, se esse for o caso. E se não for, sempre complete o “hoje não dá” com uma proposta melhor ainda, para que ele se mantenha ansioso até chegar “o dia”.


3.      IMEDIATISMO

“Queria muito te ver, mas...”
Esquece isso, criatura! Tire essa frase do seu repertório pra sempre. Se você quiser mesmo ver a pessoa, esse “mas” não existe. Enfia o “mas” bem no meio do seu... lixo... e vá ver a pessoa.
Ansiosos “esfriam” rápido.
Se vire! Passe rapidinho pra dar um oi, demonstre que você quer mesmo. O ansioso não se contenta com palavras. E aja rápido. Se demorar, não precisa mais ir.


4.     IMPACIÊNCIA

Responda todas as mensagens. SEMPRE.
Ele odeia falar sozinho. Odeia a dúvida. Responda mesmo que seja com um “não posso falar agora”, mas responda. E, quando puder falar, fale. E se não quiser falar com ele nunca mais, fale isso também. Dica numero 2, “forever”.
Internet, telefone, sinal de fumaça, visita surpresa. Olha só, quantas possibilidades! Se uma não funcionar, tente outra.


5.       FRUSTRAÇÃO

A menos que a sua avó esteja soterrada na merda do seu cachorro doente, não desmarque. O ansioso também pode ser romântico e ter construído um cenário lindo só para te ver. E você ferrou com tudo, só porque sua banda favorita vai fazer a última apresentação da história. Não tem desculpa pior. 
Dê uma passadinha para vê-lo antes ou depois, antecipe sua visita, volte à dica número 3. Faça alguma coisa!


SE AINDA VALE A PENA?

O ansioso tem muitos pontos positivos também.
Geralmente é leal, pois não faria com você o que não gostaria que fosse feito com ele.
Vai fazer de tudo para estar sempre presente e honrar compromissos.
Será sincero acima de qualquer coisa. E, acredite, pode ser a pessoa que mais vai te dar liberdade no mundo, se você conseguir fazer com que ele confie em você.


Então é simples: se achar que tudo isso vale a pena, invista. Se não vale, saia de cena. 
Ele vai sobreviver.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Manifestações x Guerras

Alguns meses atrás, no metrô, fiquei observando dois homens conversando.
Não eram brasileiros, mas falavam bem a nossa língua, como se morassem aqui ou praticassem há muito tempo. E em pouco tempo observando, pude constatar a primeira opção.
Eles falavam sobre as guerras no mundo, sobre as dificuldades das pessoas que vivem em países em guerra, sentindo medo o tempo todo, sendo privadas de sua liberdade, tendo de fazer de tudo para proteger seus filhos, encontrar comida, água potável...
Havia algo sobre esse ter sido um dos motivos de terem escolhido morar no Brasil. Diziam coisas sobre não haver guerra por aqui, as pessoas se respeitarem, e tal.
Poucos dias depois, começou a onda de manifestações no país. Eu, que raramente andava nas ruas - e, por consequência, não estava tão exposta aos efeitos dessas manifestações - senti medo. Muito medo. Medo e raiva daquilo tudo.
Mas não uma raiva centralizada, definida. Não era nada contra o "sistema" ou o chamado abuso por parte das pessoas. Tinha, sim, uma ponta de desprezo - e pena - pelos vândalos que se aproveitavam de um movimento como esse para depredar e fazer algazarra por ai, mas também não era isso. Era uma sensação de que nunca vamos saber onde estamos pisando. Nunca vamos nos sentir seguros totalmente.
Até ali, eu tinha medo de andar nas ruas a pé e ser assaltada numa cidade tão grande. Tinha medo de usar ônibus naquela cidade e enfrentar horas parada no trânsito. E, de repente, usando o metrô - achando mais rápido e seguro - sentia o terror que corria nas ruas, logo acima da minha cabeça.
Aqueles gringos, felizes por optar por um país onde não existem marcas dolorosas de guerra, devem ter sentido tanto medo quanto eu. Devem ter sentido tanta raiva e tanta insegurança quanto eu e outras centenas, milhares de pessoas. E também devem ter imaginado que nunca sabemos onde estamos pisando. Nunca vamos ter certeza de que as coisas não vão mudar de uma hora pra outra.
E ai, você deve estar pensando: "nem dá pra comparar essas manifestações com as guerras às quais esses caras se referiam."
Você tem razão, não dá mesmo.
Mas tudo começa do começo.