quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Tudo novo, de novo!

Até aquele momento, a vontade era voltar no tempo, pedir à minha mãe que me colocasse de volta no berço, ou ao meu pai que me pegasse pela mão e me ensinasse novamente os primeiros passos. Era tudo tão bonito e simples naquela época, até o tempo passar e ir destruindo tudo.

É impressionante como nos deixamos machucar tanto, a ponto de estar num lugar lindo e colorido, mas com o coração tão negro quanto nuvens carregadas em dia de tempestade. E até chegar ali, era assim que eu me sentia.

O carro cortando a estrada, reduzindo em cada curva ou acelerando ao máximo nas retas, só me fazia deixar pra trás essa coisa escura que escorre da dor e do medo. Eu sentia o cheiro da vida se aproximando, e os carros de trás atropelavam as pedras que eu ia tirando de dentro da alma e jogando pra fora da janela.

O tempo passava devagar demais para quem só queria chegar e enterrar na areia toda a podridão que tinha dentro do peito. Enfim, cheguei. Encontrei a praia mais distante, com o mar mais profundo e joguei tudo lá. 

Fiquei olhando atentamente, até ter certeza de que aquele barril de pólvora havia afundado e nunca mais poderia explodir e machucar ninguém, nem a mim.

A última bolha sumiu. E os fogos acenderam no céu.

Feliz Ano Novo!


Nenhum comentário: